Depois que começou, a terceirização nunca mais parou. Ela tem períodos mais movimentados, seguidos de uma queda na demanda, mas depois sempre volta com força.

Ao primeiro sinal de diminuição da demanda, ou basta alguém importante ler no jornal que uma crise se aproxima e logo se começa a repetir: “Vamos terceirizar essa ou aquela área”.

O modelo é sempre terceirizar o pessoal administrativo, incluídos aí recursos humanos, financeiro, tecnologia da informação, legal, tributário, etc. Pode-se até dizer que esta ou aquela área não é “administrativa” por ser muito especializada (ex.: legal), mas não tem jeito. Cedo ou tarde, estas áreas serão alvos para terceirização.

A terceirização em si não é ruim. Penso que ela seja neutra. Você elimina uma posição em uma empresa e abre outra na empresa que assumiu os serviços. Ok.

A remuneração total poder ser pouco menor. A qualidade dos serviços também pode diminuir. Mas no final, tudo se ajeita. Ou, no pior cenário, volta ao que era antes. É um ciclo.

Minha única ressalva é que não se deve terceirizar problemas. Os problemas da empresa, precisam ser resolvidos pela empresa. Não é possível terceirizar a solução. E por solução, refiro-me a decisão. A liderança para que se chegue a uma solução.

Muito pior ainda, é terceirizar a gestão da ética. Ai é uma receita quase certa para o desastre.

Surpresa? Acredite, isso é relativamente comum.

Às vezes, seja por qual motivo for, não conseguimos resolver os nossos problemas e achamos que ao terceirizá-los, serão resolvidos como mágica. Isso não acontece.

Se for terceirizar alguma área, ok. Tome alguns cuidados. Analise, se prepare e aceite alguns impactos operacionais e também financeiros. E siga em frente.

Agora, nunca, nunca (nunca mesmo), terceirize a gestão da ética na sua empresa. Essa é intransferível e irá acompanhá-lo enquanto estiver na liderança. E por toda a sua vida.

Busque ajuda. Serão necessárias e bem-vindas com certeza. Profissionais de compliance. Advogados especialistas em diversos assuntos. Gestores de riscos. Todos válidos.

Mas não terceirize a decisão. O exemplo. O envolvimento direto. O comprometimento.

Não vale aqui a desculpe de falta de tempo. Muitas prioridades. Pressão por resultados e outros argumentos válidos e reais, mas não aplicáveis, quando se trata da gestão da ética.

Esta é pessoal. E só se aprende e melhora, fazendo. Pessoalmente.

Por: Equipe Insights Ética e Compliance

Data: Setembro/2018