Como consequência dos diversos casos de corrupção em diversos setores, públicos e privados, noticiados constantemente no nosso país, podemos perceber, também pelas notícias divulgadas na mídia formal e nas redes sociais, que a implantação de programas de compliance nas empresas e o aprimoramento dos programas já implantados, tem sido a resposta mais constante para enfrentar esta realidade lamentável e prejudicial para todos.

Enquanto os fatos que motivaram essas ações devem ser constantemente reprovados e combatidos, a resposta a eles é extremamente louvável. Programas de Compliance robustos e consistentes são importantes e devem continuar em vigor. Com aprimoramento constante.

Mas e a gestão da ética?

Percebo que é comum a confusão entres os dois conceitos. “Implantei o programa de compliance. Logo, efetuo a gestão da ética”.

Penso que a realidade é um pouco diferente.

A gestão da ética não é uma ação tangível, claramente mensurável, como se costuma ver nos itens a serem seguidos em um programa de compliance. Apesar de ser mais desafiador para implantar, na verdade, sem a gestão da ética, o programa de compliance é somente mais uma iniciativa corporativa, com grandes chances de não produzir resultados significativos.

Mas afinal, o que é? Onde se encaixa na estrutura? Quem é responsável? Como se faz a gestão da ética?

Seria muito fácil, como no caso da gestão dos controles internos, responder que a responsabilidade é de todos os envolvidos na organização. É verdade. Mas não acredito que a gestão da ética nas organizações tenha uma resposta tão rasa assim.

Todos podem e devem fazer a ética acontecer, mas nada começa sem o envolvimento da alta direção da empresa ou da organização.

Ética precisa de credibilidade. E credibilidade se conquista e se mantém com ações, com envolvimento, com participação, com interesse genuíno.

Todos os programas de compliance mostram de início (independente de quantos itens ele tenha) que o apoio da direção é importante. E geralmente param por aí. Nada mais é falado sobre esse item. E quando se fala o que esse apoio significa, raramente se avalia a efetividade do mesmo.

É aí. Exatamente aí, que reside toda a complexidade.

Pode parecer obvio e até inútil esta discussão. Ora, se o apoio é “da direção”, automaticamente é para valer. É verdadeiro. Ou se é da direção, automaticamente é “com ética”.

Aí começa o problema pois existe uma diferença muito grande entre palavras e ações.

Sem o apoio da direção, a ética não acontece nas empresas. E o programa de compliance fica comprometido.

Já pensou o que o apoio da direção significa, de maneira prática, na gestão da ética e do compliance na sua organização?

E você que é parte da direção, da liderança da sua organização, já refletiu o que você está fazendo efetivamente, para que a gestão da ética aconteça de verdade e assim o programa de compliance seja mais efetivo?

Por: Equipe Insights Ética e Compliance

Data: Setembro/2018