“Sempre é hora de fazer o que é certo. ”
Martin Luther King
O conceito de ASG (ambiental, social e governança) estão na pauta de muitas empresas e do mercado.
É relativamente comum encontrarmos líderes defendendo estas iniciativas e informando que suas empresas irão segui-las. Também muitos fundos de investimentos estão sendo criados somente para alocar recursos em empresas que comprovem seguir as ações ASG.
Todos já sabem que vivemos em um tempo de grandes e rápidas mudanças. O que é novo e inovador hoje, em pouco tempo já pode estar obsoleto. Ações que deram resultados positivos no último ano, perdem seu efeito no ano seguinte. Riscos que nunca existiram ou existiram somente em páginas de ficção, parecem sair do nosso imaginário e ganhar vida repentinamente. Neste ambiente, é normal buscarmos a última novidade, a última tendência, a sugestão do último guru de plantão para nos ajudar a nos sentirmos seguros, atualizados, ativos. Até mesmo inteligentes.
As ações ASG são excelentes. A questão é como implementá-las. Será para valer, ou apenas para seguir a tendência e atender o mercado? Esta é a questão.
Os nomes indicam um conjunto de ações. Não diz como fazê-las. E não há um entendimento único. Padrão. Aceito por todos.
Governança por exemplo, se não implantada corretamente, pode se tornar simplesmente em burocracia. Criar um conselho com pessoas inteligentes e bem-intencionadas, mas continuar centralizando as decisões, não é governança. Criar diversos comitês para focar em análises especificas (ambiente, pessoal, diversidade, remuneração, inovação, etc) e continuar decidindo sempre do mesmo jeito, é burocratizar.
Ambiental não é reciclar o lixo, parar de usar o copinho plástico para a água e o café e se dizer preocupado com o aquecimento global. Nem mesmo colocar uma placa em uma praça pública dizendo que sua empresa faz a conservação. É preciso olhar o impacto que as atividades estão causando no ambiente. É possível reduzir a emissão de poluentes hoje? Só um pouco? Faça. Esqueça as promessas de eliminar a “pegada” de carbono em 50 anos… O que não é aceitável é fazer o mínimo que a legislação estabelece, quando é possível fazer mais. Atente para o passivo ambiental. O conceito é relativamente novo, mas muito importante. Esqueça o que diz o IRFS, o CPC, ou qualquer outra regra contábil ou a recomendação de qualquer especialista. Se pergunte se faz sentido. Se há como reparar ou minimizar o impacto no ambiente. Não porque você quer deixar um legado para as gerações futuras ou porque está preocupado com o futuro dos seus netos. Faça porque é correto. Não espere nenhum reconhecimento.
Social não é fazer doações. Algumas cestas básicas hoje. Alguns respiradores e máscaras amanhã. Ajuda. Mas está longe de ser uma ação social efetiva, digna de habilitá-lo a dizer que segue o S das ações ASG. Como estão seus funcionários? Estão vivendo ou sobrevivendo? E a vizinhança onde a empresa está inserida (não gosto do sentido que a expressão comunidade assumiu ultimamente)? A empresa precisa do lucro. Precisa remunerar o investimento do acionista. Mas maximizar o lucro quando os funcionários e as pessoas mais próximas vivem com menos do que é necessário, não é digno do Social.
Se não refletirmos sobre o que estamos fazendo, podemos simplesmente cair em mais um modismo. E na velocidade das mudanças que temos hoje, eles surgem e se vão rapidamente, podendo deixar para trás somente custos e decepção.
Busque a gestão da ética, de maneira a criar a cultura ética. Ela é perene e trás resultados. Quando se preocupa com a ética, sem hipocrisia, mas com sinceridade, o ASG, o compliance e todos os outros modismos são atendidos automaticamente.
Com citado acima, “sempre é hora de fazer o certo”. Antes da revolução agrícola já era assim. Continuou assim na revolução industrial. É válido para a era do conhecimento. E vai continuar assim. Ética não tem contraindicação. E em tempos de pandemia, é uma vacina certa contra a última tendência que tem vida muito curta.
Por: Equipe Insights Ética e Compliance